Jardim Botânico de Goiânia: histórico e importância

On 12/23/11 00:07 .


Opinião

Jardim Botânico de Goiânia: histórico e importância


Em 1978, por ocasião do XXIX Congresso Nacional de Botânica e o II Congresso latino-americano de Botânica realizados em Brasília e Goiânia, foi inaugurado o Jardim Botânico de Goiânia em uma área localizada na cabeceira do Córrego Botafogo, Setor Pedro Ludovico. Participaram cientistas estrangeiros como drs. Plance (EUA), Kubinski (Alemanha), Krapovickas (Argentina), Forero (Colômbia) e muitos outros. A nível nacional, drs. Heringer (DF), Dárdano (PE), Rizzini (RJ), Berta (SP) e uma plêiade de pesquisadores que demonstram um grande interesse pela importância da cobertura vegetal, tecendo elogios à administração municipal.

Diversas obras foram então realizadas, como construção do portão de entrada principal, lanchonete, sanitários e fechamentos de toda a área. Em seguida, a Coordenadoria-Geral de Estudos e Projetos – Núcleo de Recursos Naturais constituiu um grupo de trabalho com a presença de botânicos, arquitetos, geógrafos, paisagistas e outros técnicos para elaborar um estudo que resultasse em um projeto para a real ocupação da área. Posteriormente, o Jardim Botânico de Goiânia passou a ter a denominação de Chico Mendes, sendo, mais tarde, denominado de Amália Hermano Teixeira, em sua homenagem.

A equipe designada para a elaboração do projeto iniciou seus trabalhos e em 1981 encaminhou ao mandatário do município o projeto que continha o memorial justificativo e descritivo, convênio, plantas e desenhos para a implantação do Jardim Botânico.

A área objeto do projeto constitui uma reserva de inigualável importância para a cidade de Goiânia, com uma série de razões, como possuir uma área de 100 ha, com uma cobertura vegetal característica da floresta semidecídua com espécies centenárias de grande porte, tais como: Myroxylon peruiferum L. f (Balsamo), Myracrodruon urundeuva Allemão (Aroeira), Hymenaea courbaril L. var. stilbocarpa (Hayne) Y. T. Lee & Langenh. (jatobá da mata), Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze (Jequitibá), Anadenanthera peregrina (L.) Spes. (Angico), Cedrela fissilis Vell. (Cedro), Ingá uruguensis Hook. & Arn (Ingá-banana), Tabebuia serratilofia (Valh) G. Nicholson (ipê-amarelo da mata), Tabebuia impetiginosa (Mart. ex. DC) Satandl. (ipê-roxo), podendo ser encontrado ainda, Cróton urucunana Baill. (Sangra d’água), Piper arboreum Aubl. (Falso jaborandi), ocorrendo no estrato arbustivo e herbáceo, Guettarda pohliana Mull. Arg. (Veludo Vermelho), Olyra ciliatifolia Raddi (Taboquinha), ocorrendo ainda, na forma de trepadeira, Cuspidaria floribunda (A. DC). A. H. Gentry (Cuspidária), Macfadyena unguis-cati (L.) A. H. Genry com belas flores rosas e amarelas.

Ainda na área do Jardim Botânico, pertencente à AMMA e gerenciado por uma ONG, há um horto de plantas medicinais que recebe assessoria da equipe técnica do Jardim Botânico, favorecendo a comunidade ter conhecimento sobre as plantas consideradas medicinais e bem como a identificação botânica. No horto, podem ser encontradas várias plantas de uso pela população. Assim, temos: Sambucus australis Cham. & Schiltdl. (sabugueiro), Plectranthus barbatus Andrews (sete-dores), Vernonia condensata Baker (falso-boldo), Mentha piperita L. (hortelã), Mentha pulegium L. (poejo), Ocimum basilicum L. (Alfavaca) e outras.

Na área do Jardim Botânico ocorrem várias nascentes formadoras do Córrego Botafogo, o primeiro manancial a fornecer água à nova capital, tornando-se o objeto de grande valor histórico. Em razão dessas premissuras, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de Goiânia, vinculado à Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Goiânia, promoveu o tombamento do Jardim Botânico, que foi feito através do Decreto nº 2.109, de 13 de setembro de 1994, publicado no Diário Oficial do Município nº 1.256, de 22 de setembro de 1994, estando assim garantindo a sua integridade.

A implantação do Projeto Jardim Botânico, tal como foi proposto, será a medida definitiva que impõe ao governo municipal a aproximação objetiva do Jardim e sua melhoria, permitindo que a sociedade goianiense carente de opções de lazer possa usufruir dessa dádiva da natureza.

Após a inauguração, várias administrações tiveram uma participação mais ou menos efetiva, resultando em certos casos uma diminuição na implantação definitiva do Jardim Botânico. Algumas administrações desenvolveram esforços na construção de prédios, o preparo da barragem para a formação do lago, a estrutura física para o orquidário, o anfiteatro sobre o lago e outras providências.

A prefeitura municipal, através da Agência Municipal do Meio Ambiente – AMMA e outros órgãos, como a Direção do Jardim Botânico, vem procurando implantar algumas linhas de trabalho tentando dar ao Jardim condições para que possa cumprir o que está previsto na legislação; assim, promoveu a limpeza interna, treinamento de estagiários, educação ambiental, melhoria do sistema viário interno, instalação de um borboletário, levantamento florístico da área e instalação do herbário, que já consta em seu acervo inúmeras plantas, implantação do bromeliário e um viveiro de mudas nativas para recuperação de áreas degradadas.

Essas providências irão concorrer para facilitar aos usuários das reais vantagens que um Jardim Botânico pode oferecer.

O princípio básico desde a sua criação e considerando o projeto foi maximizar a relação entro o homem e seu habitat e a conservação dos elementos naturais.

Prof. emérito dr. José Ângelo Rizzo

Fonte: José Ângelo Rizzo